Há mais semelhanças que divergências entre as propostas de Dilma Rousseff e José Serra do que parece sugerir a radicalização da campanha neste segundo turno. Ambos prometem, por exemplo, uma política fiscal mais rigorosa que a do atual governo.
Se eleita, a candidata petista - que tem 57% das intenções de voto, contra 43% do tucano, segundo o Ibope - anunciará uma meta de redução da dívida pública para 30% do PIB até 2014. Hoje, essa relação é de 42%. Embora não tenha divulgado números, Serra também promete gastar melhor do que o atual governo, embora na campanha tenha feito promessas que resultariam em forte aumento de gastos, como o reajuste do salário mínimo para R$ 600 e a elevação dos benefícios da Previdência em 10%.
Ambos também concordam na adoção de medidas para aumentar os investimentos públicos em infraestrutura, desonerar o setor produtivo e estimular as exportações, além de defender a volta da independência das agências reguladoras, muito comprometida no governo Lula.
Na política externa, há convergência na proposta de desengajamento do Brasil em relação ao Irã. Dilma desaprova a ação do presidente Lula e do Itamaraty no Oriente Médio, especialmente a aproximação com o líder iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Serra pretende pautar sua política externa pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. A candidata do PT discorda também da política para os Estados Unidos e a Europa. Nos últimos dois anos, incentivado pelo Ministério das Relações Exteriores, Lula se afastou dos americanos e de seu presidente, Barack Obama. A visão de Serra, nesse aspecto, também é semelhante.
As maiores divergências na política internacional se referem à integração latino-americana. Serra considera o Mercosul um obstáculo ao fechamento de acordos bilaterais com outros mercados, principalmente Estados Unidos e Europa, e não daria força ao acordo regional. Dilma insistiria no incentivo ao Mercosul. Outro ponto de divergência diz respeito à cooperação Sul-Sul. Enquanto Dilma daria continuidade aos esforços de aproximação entre os países do hemisfério, Serra adotaria estratégia inversa.
Há também convergências nas políticas sociais, especialmente sobre o Bolsa Família. Serra promete aumentar o benefício. E Dilma garante a continuidade do programa.
Fonte: CNTC/Cristiano Romero e Raymundo Costa
De Brasília e São Paulo. Valor Econômico Online
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