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Renda maior ajuda varejo e leva a revisão de projeções para 2013

Por Camilla Veras Mota, Francine De Lorenzo e Diogo Martins | De São Paulo e do Rio

As vendas do comércio em novembro surpreenderam as expectativas e aumentaram 0,7% no varejo restrito sobre outubro, na série dessazonalizada. A alta foi disseminada, registrada em nove das dez atividades do varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção e avançou, por sua vez, 1,3% na mesma comparação.

Analistas atribuem o resultado ao aumento mais acelerado da renda média do trabalhador naquele mês e não descartam um possível efeito das ofertas antecipadas de Natal. O desempenho, acima da média de estimativas colhidas pelo Valor Data com 19 economistas, de 0,2%, estimulou a revisão do indicador fechado para 2013 entre diversas consultorias.

A aceleração do aumento da renda do trabalhador em novembro é, para Mariana Oliveira, da Tendências Consultoria, a principal razão para a surpresa positiva do varejo mostrada pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em novembro, diz ela, o rendimento médio real aumentou 2% sobre outubro e 3% em relação a novembro de 2012, os melhores resultados do ano registrados pela Pesquisa Mensal do Emprego (PME). "Isso explica porque a expansão foi tão aberta entre os segmentos", afirma Mariana.

O setor de supermercados continuou impulsionando o indicador, sendo responsável por 40% da alta no volume de vendas em relação a igual mês de 2012, de 7%. Ele foi ajudado, segundo a economista, pela inflação mais contida no mês, especialmente a dos alimentos, que desacelerou de 1,03% para 0,56% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O segmento de móveis e eletrodomésticos veio na sequência, respondendo por 16,5% do crescimento, a despeito do movimento de recomposição do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a linha branca. Para Mariana, esse movimento pode ter sido estimulado pelo programa Minha Casa Melhor, que contorna o encarecimento do crédito visto nos últimos meses, e também pelas ofertas promovidas por varejistas no fim do ano para antecipar as vendas de Natal.

Aleciana Gusmão, técnica da coordenação de serviços e comércio do IBGE, acredita que o impacto maior do programa do governo federal se concentrou entre julho e agosto. Ela atribui a elevação de 1,5% nas vendas de móveis e eletrodomésticos em relação a outubro, já descontados os efeitos sazonais, à expectativa de aumento gradual do IPI a partir de outubro, ao lado do pagamento da primeira parcela do 13º salário e da estabilidade do mercado de trabalho,

Já o setor de material de construção, segundo Aleciana, tem obtido aumento nas vendas em razão de medidas governamentais. A alta foi de 0,5% em relação ao mês anterior. "O crédito está muito favorável. O governo tem oferecido recursos do FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço]." A técnica do IBGE afirma que a situação de crédito ao consumidor também normalizada e cita dados do Banco Central, que indicam inadimplência da pessoa física em 4,5% em novembro, ante 4,6% em outubro.

"Com a inadimplência em queda", diz Paulo Neves, da LCA Consultores, "os bancos ficam menos seletivos, o que pode ter estimulado os consumidores, mesmo que o crédito esteja mais caro". O economista observa que as maiores altas em novembro foram registradas em segmentos ligados ao crédito - além de móveis e eletrodomésticos, o de tecidos, vestuário e calçados, ambos com aumento de 1,5% sobre outubro.

Após a surpresa positiva, consultorias e entidades representativas revisaram as projeções para o ano. O banco ABC elevou de 4,2% para 4,5% a previsão de crescimento do varejo em 2013. "Por enquanto, todas as indicações que temos para dezembro são de crescimento nas vendas, possivelmente acima de novembro", pondera Mariana Hauer, economista da instituição. Ela espera alta ao redor de 0,8% nas vendas do comércio restrito e de 1,3% no ampliado no último mês de 2013.

A LCA subiu a estimativa de 4,2% para 4,4%, e a Tendências colocou viés de alta para sua previsão inicial, de 4%. A Rosenberg & Associados manteve a projeção em 4,5%, mas considera a possibilidade de resultado ligeiramente superior.

O mesmo percentual é estimado pela a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Por conta dos resultados de 2013, a entidade passou de 6% para 6,5% a projeção de aumento nas vendas do varejo restrito em 2014. Para ela, os dados do IBGE mostram que a economia do varejo ganhou fôlego no segundo semestre de 2013 e esse aquecimento pode prosseguir ao longo deste ano.

Nesse caso, o varejo interromperia um movimento de desaceleração verificado desde novembro de 2012, quando as vendas acumuladas em 12 meses registravam alta de 8,6%. De lá para cá, o ritmo anual de expansão do consumo caiu pela metade, passando a 4,4% em novembro de 2013. (Colaborou Alessandra Saraiva, do Rio)

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