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ALTERAÇÃO NO CONTRATO DE TRABALHO

As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre negociação entres as partes interessadas, desde que não seja contrária às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos de sua categoria e às decisões das autoridades competentes - art. 444 da CLT.

A legislação vigente garante, com algumas restrições, a livre contratação das partes. Contudo, resguarda as alterações contratuais contra arbitrariedades do empregador, estabelecendo que as alterações devem ser produto da vontade e manifestações de ambas as partes, devidamente formalizadas através de aditivo contratual.

LICITUDE

O art. 468 da CLT, estabelece que só é lícita as alterações das respectivas condições nos contratos individuais de trabalho, por mútuo consentimento, desde que não resultem direta ou indiretamente em prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.

A nova situação existente depois de estabelecida as alterações contratuais, não pode, em hipótese alguma, ocasionar qualquer prejuízo ao empregado, direto ou indireto. O mesmo tem direito, no mínimo, à remuneração idêntica a que recebia antes da mudança.

REQUISITOS

Os seguintes requisitos devem ser observados em qualquer alteração contratual:
  • mútuo consentimento das partes;
  • não pode resultar em prejuízo direto ou indireto ao empregado.
Qualquer alteração contratual que se realize em desconformidade com os elementos acima, resulta em nulidade, não produzindo qualquer efeito no contrato de trabalho, conforme dispõe o artigo 9º da CLT.

ALTERAÇÕES CONTRATUAIS ADMISSÍVEIS
  • Mudança do local de trabalho, desde de que o empregado não mude de domicílio, resultando na sua transferência, conforme estabelece o caput do art. 469 da CLT;
  • Transferência do local de trabalho, para os empregados que ocupem cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço - §1º art. 469 da CLT;
  • Transferência do local de trabalho, em casos de urgência e que haja necessidade de serviço, no entanto o empregador ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25%, dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação - § 3º do art. 469 da CLT;
  • Alteração das atividades desempenhadas, ou seja de função, salvo quando representarem rebaixamento para o empregado, pois o princípio da dignidade da pessoa humana do trabalhador deve ser considerado;
  • Mudança de horário, dentro do turno diurno para o noturno, e vice-versa, desde que seja respeitado o mútuo consentimento e que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado.
Visto que o poder de direção da movimentação do quadro funcional é do empregador, o empregado poderá ser demitido por justa causa, caso não aceite a transferência lícita (prevista em contrato original).

RESCISÃO CONTRATUAL

Se, ainda que proibidas, forem efetuadas alterações contratuais, prejudiciais ao trabalhador, a consequência, além da nulidade da alteração, é a possibilidade, concedida ao empregado, de considerar rescindido o contrato de trabalho - art. 483, §3º, da CLT.

Veja também os seguintes tópicos relacionados:
JURISPRUDÊNCIA

TRANSFERÊNCIA DE EMPREGADOS PARA OUTRO SETOR DA EMPRESA. ALTERAÇÃO LESIVA DO CONTRATO DE TRABALHO. ABUSO DE DIREITO. DANOS MORAIS. A forma como se deu a demissão foi fator de ofensa à dignidade, honra e integridade moral dos reclamantes que ficaram expostos à família e aos demais companheiros como empregados indisciplinados e insubordinados. A atitude da reclamada extrapolou os limites do seu poder de direção e fiscalização do trabalho, configurando abuso de direito, o qual é ato ilícito e indenizável, nos termos do artigo 5ª, X da Constituição Federal - 00028-2009-302-04-00-9 RO - 4ª REGIÃO - Desembargador Ricardo Carvalho Fraga - Relator. DJ/RS de 04/11/2009.

RECURSO DE REVISTA NÃO CONHECIDO. HORAS EXTRAORDINÁRIAS. TRANSFERÊNCIA DA EMPRESA DE SÃO PAULO PARA CAMPINAS. ALTERAÇÃO UNILATERAL. TEMPO DE DESLOCAMENTO DO EMPREGADO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 896 DA CLT NÃO IDENTIFICADA. A indicação de contrariedade à Súmula nº 90 do C. TST mostra-se inadequada, considerando que a condenação em horas extraordinárias não decorreu de horas in itinere, mas pelo reconhecimento de que ocorreu alteração prejudicial ao reclamante, quando da transferência da empresa de são Paulo para Campinas, a determinar tempo à disposição à empresa. A v. decisão tão somente confirmou o entendimento de que foram observados os termos contidos nos artigos 468, 469 e 470 da CLT. PROC. Nº TST-E-RR-1389/2004-114-15-00.1. Relator ALOYSIO CORRÊA DA VEIGA. Brasília, 13 de agosto de 2007.

EMENTA: Verbas rescisórias - cálculo - reclassificação do cargo de confiança em momento imediatamente anterior à rescisão contratual - efeitos - Não há dúvida de que o exercente de funções de confiança pode a qualquer momento ser destituído de seu cargo, sem que se cogite de alteração contratual ilícita. É o que prevê expressamente o parágrafo único do art. 468 da CLT, consagrando o princípio da demissibilidade "ad nutum" ao detentor de tais funções, que pode a qualquer momento ser revertido para o exercício do cargo efetivo. No entanto, tendo o autor sido reclassificado exatamente no mês que antecedeu a rescisão contratual, o que lhe gerou redução salarial a que correspondeu a utilização de base de cálculo inferior para a satisfação dos haveres rescisórios, não há como se furtar à conclusão de que a iniciativa de reclassificação da função de confiança ocupado pelo reclamante visou, de forma fraudulenta (art. 9º da CLT) reduzir o montante de suas verbas rescisórias, impondo-se a adoção do salário pago anteriormente como base de cálculo para a quitação. PROCESSO Nº: 02970169503 ANO: 1997 TURMA: 8ª. RELATOR(A): WILMA NOGUEIRA DE ARAUJO VAZ DA SILVA.

AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. SUPRESSÃO DO PAGAMENTO ANTES DA APOSENTADORIA. ALTERAÇÕES CONTRATUAIS. PREJUÍZO. Tendo a Reclamada estendido o auxílio-alimentação aos aposentados, por meio da Resolução de Diretoria nº 76, de 1975, não poderia excluí-lo, arbitrariamente, sob pena de violação unilateral do contrato e consequente prejuízo às Reclamantes (artigo 468 da CLT). É que as vantagens concedidas aos empregados não podem sofrer alteração para pior, sendo a prática vedada na legislação trabalhista. Incidência da Oj Transitória 51 e da Súmula 288, ambas do TST. PROC. Nº TST-RR-490/2002-004-24-00.9. Relator JOSÉ SIMPLICIANO FONTES DE F. FERNANDES. Brasília, 27 de junho de 2007.

RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTOS PELO RECLAMANTE. NORMAS COLETIVAS. GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR. AUSÊNCIA DE HABITUALIDADE. INCORPORAÇÃO DE DIFERENÇAS EM VALOR SUPERIOR AO CONVENCIONADO. IMPOSSIBILIDADE. Trata-se de pagamento de gratificação de função contemplada em acordos coletivos de trabalho em valor não inferior a 55% do salário. Pretende o reclamante seja majorado tal percentual para 75,14%, sob o fundamento de que o empregador efetuou pagamento a maior, por alguns meses, tendo tal condição mais benéfica se incorporado ao seu patrimônio jurídico. Esgrime com violação dos artigos 457, § 1º e 468 da Consolidação das Leis do Trabalho e 7º, VI, da Constituição Federal. Não logrou o reclamante demonstrar que o pagamento a maior da gratificação deu-se de forma habitual, decorrendo daí a impossibilidade de incorporação das diferenças pleiteadas. Afigura-se correta a decisão da Turma mediante a qual se aplicou a diretriz consagrada na Súmula nº 126 como óbice ao conhecimento do recurso. Incólume o artigo 896 da Consolidação das Leis do Trabalho. PROC. Nº TST-E-RR-606.990/1999.6. Juiz Relator LELIO BENTES CORRÊA. Brasília, 6 de agosto de 2007.

ALTERAÇÃO CONTRATUAL. REDUÇÃO SALARIAL. ACORDO INDIVIDUAL TÁCITO OU EXPRESSO. INVÁLIDO. A redução salarial somente é possível em caráter excepcional, através de convenção ou acordo coletivo (art. 7º, VI, CF), com concessões mútuas e desde que não implique óbice à melhoria da condição social do trabalhador preconizada no caput do próprio artigo 7º da Carta Magna. O art. 468 da CLT veda a alteração contratual "in pejus", ainda que por mútuo consentimento. A discrepância de forças entre os contratantes afasta a incidência do princípio da autonomia das partes no âmbito trabalhista. A relação de emprego se pauta pela sujeição pessoal do trabalhador, que se põe sob subordinação e dependência econômica em face do empregador, em condição de notória inferioridade. Contando apenas com a sua força de trabalho, o empregado depende do que ganha para o seu sustento e o de sua família. Essa situação não apenas explica mas exige a intervenção tutelar do Estado, quer no âmbito administrativo (fiscalizando o cumprimento da legislação social), quer no âmbito legal (conferindo garantias de ordem pública), de modo a que não se produza abissal desequilíbrio na esfera das relações de trabalho. Inválida a redução salarial por acordo individual, seja tácito ou expresso. Exegese dos artigos 7º, caput e inciso VI, da CF c/c art. 468 da CLT.
(TRT/SP - 01614200144102005 - RO - Ac. 3ªT 20040066104 - Rel. Ricardo Artur Costa e Trigueiros - DOE 09/03/2004). Ementário de Jurisprudência do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região - Boletim nº 12/2004.

Base legal: Artigos 444, 468, 469 e 483 da CLT  e os citados no texto.

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